Ex-Malhação relembra início no mercado financeiro: ‘Levei um golpe de R$ 80 mil’

Márcio Kieling, de 46 anos, ganhou fama nacional ao interpretar o personagem Perereca, em ‘Malhação’ (1999-2001). Na época, sua carreira como ator deslanchou e ele integrou diversos projetos de destaque. Sua última aparição nas telinhas foi em Pega Pega (2017).

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O ‘sumiço’ do ator foi um movimento natural, movido pela vontade de uma vida mais confortável e com segurança financeira. Em entrevista exclusiva ao Terra, Márcio Kieling afirmou que sempre foi bem remunerado na Globo, mas nunca administrou bem suas próprias finanças.

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“Dinheiro é algo que a gente precisa saber lidar, principalmente na nossa profissão, que é muito instável. Às vezes você tá num projeto bom, com uma boa renda, e depois pode passar um tempo parado [...] Quando comecei a ganhar dinheiro [por volta dos 20], não tinha preparo nenhum. Eu achava que era infinito. Ganhei dinheiro, gastei, comprei carro, viajei, ajudei a família, mas sem saber fazer isso de forma organizada”, disse ele ao Terra.

Após perder o contrato fixo com a Globo, Márcio Kieling notou rapidamente que precisava de uma fonte de renda mais garantida, algo estável com que pudesse contar mensalmente.

“A gente pode até estar fora da TV, mas boleto não some, continua vindo. Depois disso [demissão], tive que entender que fama não paga boleto. Eu passei alguns meses de perrengue. Não passei fome e nunca deixei faltar coisas, mas era um momento que tudo era contado. Depois que saí da Globo e parei de ter salário fixo, vi o quanto eu precisava aprender a me organizar. Mas foi no perrengue que aprendi a valorizar cada trabalho, a guardar, investir, pensar no futuro”, comentou ele.

Na época da pandemia de covid-19, Márcio foi apresentado por amigos próximos ao mercado de trade. Basicamente, o trade é a prática de compra e venda de ativos financeiros com objetivo de obter lucros por meio da variação de preços. Esse processo é influenciado por diversos aspectos, análise de dados e até gerenciamento de riscos para o profissional.

No começo, o ator passou por apuros, pois, como não tinha grandes reservas financeiras, investiu e perdeu bastante dinheiro de seus trabalhos. Para ele, cada perda, mesmo que doa no bolso, de alguma forma é um aprendizado. “Se eu errei aqui, na próxima vez eu já sei o que não devo fazer”, reflete.

Ao relembrar o ‘pior dos aprendizados’, ele cita a vez em que perdeu R$ 80 mil. Conforme disse, o dinheiro fez muita falta na época, mas lhe fortaleceu dentro da área de trabalho.

“Eu investi num negócio que parecia promissor, com pessoas que se diziam muito bem relacionadas. Era algo voltado à área de entretenimento, com a promessa de retorno rápido. Infelizmente, confiei em quem não devia. Parecia tudo muito certo, mas depois que coloquei o dinheiro, as pessoas começaram a sumir. Foram cerca de R$ 80 mil reais. É muito dinheiro. Me fez muita falta na época. E o pior não foi só o dinheiro, foi o sentimento de ter sido enganado. Foi uma rasteira que levei da vida, mas que me ensinou a ser mais cuidadoso. Dinheiro suado não pode ser jogado fora.”

Em dias melhores, Márcio Kieling já chegou a fazer R$ 2 mil. Entretanto, ele faz um alerta: não é todo dia que se ganha esse tanto de dinheiro e não é tão simples quanto parece.

“Eu sou muito responsável com o que eu posto. Tenho muitos seguidores, muitos pais, muitas crianças, então sou bem criterioso. Tem muita gente que me acompanha há anos, não posso sair falando qualquer coisa ou postando tudo. Isso tem um peso. Não quero incentivar coisa errada. Muita gente fala que é mentira, que é golpe, mas quando você tem visibilidade, existe uma responsabilidade sobre tudo que você fala. Tem dias que eu ganho R$ 2 mil, mas não é todo dia, é preciso ser honesto.”

Com ganhos consideráveis na carreira como trader, Márcio Kieling afirma que ainda não pode se aposentar — talvez daqui a 10 anos. Por enquanto, o trabalho no mercado lhe permite o que ele considera o que deveria ser básico para todo ser humano: uma vida de qualidade com a família — pois consegue trabalhar de qualquer lugar —, uma vivência confortável, sem escassez de comida e roupas; além de dinheiro para investir em hobbies, como a personalização de um Fusca — um projeto inacabado.

Atualmente, com 135 mil seguidores no Instagram — e contando — ele é um expoente no mercado, é embaixador da Capital Concreto (incorporadora imobiliária), âncora no podcast A Arte do Trade e trader na XP Investimentos e na Nelogica Brasil, duas referências no assunto. Apesar disso, ele não se vê longe das artes — apenas mais seletivo. Márcio Kieling, inclusive, planeja uma série ou filme unindo as duas paixões. A ideia é que seja algo cênico, mas que possa abordar a educação financeira.

“No Brasil não somos ensinados a lidar com isso, estou estudando possibilidades. Tenho lido roteiros, conversado com gente do meio, procurando investidores, mas pretendo viabilizar este projeto [...] Quanto a voltar a atuar, essa vontade nunca saiu de mim. Amo o que faço e acho que hoje estou maduro e gostaria de ter personagens mais profundos, algo que vai me mover de verdade. Acho que fazer pontas e figuração já não é algo que me tira de casa. Escolhi uma nova carreira, sim, faz parte, mas o palco e as câmeras fazem falta.”